"Um dia o coração explodiu-me nas mãos como uma bomba"
terça-feira, julho 15, 2014
É a que nunca teve sorte e tinha um grande amor que merecia a felicidade. Divaga entre as searas, pó de oiro, de verde, de poalha de sol, com reflexos na água de um tanque onde caiu uma rosa. As raparigas que vêm do trabalho são fortes, sadias e cantam uma clara canção que um poeta do campo e um músico da cidade compuseram. Ela é preguiça da felicidade, ondulação da poeira, feliz resíduo da alegria que paira impalpável, feliz por pairar, feliz por se depositar em qualquer canto, feliz por viver num sono móvel que um canto de pássaro ou um raio de sol acorda, esquecimento, esquecimento.
António Ramos Rosa, Círculo Aberto, Ed. Caminho, 1979.
António Ramos Rosa, Círculo Aberto, Ed. Caminho, 1979.
segunda-feira, julho 07, 2014
Declinar a Ocidente
Os fantasmas à solta
correm desabridamente,
arrancando árvores,
arruinando as casas,
estilhaçando os vidros das janelas.
Regressaram dos seus túmulos
de pedra os soldados mortos
e avançam sedentos e famintos,
espalhando sangue, mutilando corpos,
cuspindo impropérios à Grande Parideira,
Vida nua, Vida crua, Vida fria,
Vida voraz, Vida insaciável.
Vida, Furor de Diónisos,
Meio dia de Nietzsche,
Cansaço de Mim de Pessoa,
Promessa sempre adiada,
Desejo infindável de partir.
Os fantasmas à solta
correm desabridamente,
arrancando árvores,
arruinando as casas,
estilhaçando os vidros das janelas.
Regressaram dos seus túmulos
de pedra os soldados mortos
e avançam sedentos e famintos,
espalhando sangue, mutilando corpos,
cuspindo impropérios à Grande Parideira,
Vida nua, Vida crua, Vida fria,
Vida voraz, Vida insaciável.
Vida, Furor de Diónisos,
Meio dia de Nietzsche,
Cansaço de Mim de Pessoa,
Promessa sempre adiada,
Desejo infindável de partir.
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