Wednesday, September 12, 2007

Os burgueses

A pequeno-burguesa saiu de sua casa
enfarpelada nas suas vestes de domingo,
vestido de seda, pérolas a condizer com o vestido,
artificiais e brancas.
Vai muito bonita, rosadita e fresca.
É loira, tem olhos verdes
e se eu pudesse roubava-lhe um beijo,
a mão esquerda entre os seios,
a direita escorregando pela anca
e outras mãos que eu não sei se tenho
para tocar os segredos escondidos
por debaixo do vestido
que me encanta e desconcentra
dos assuntos graves e sisudos,
coisas entre nós, homens,
política futebolística,
a relação entre o coração e a lua,
quantos centímetros mede o peito da Madonna,
a velha guerra da Bósnia-Hergovina,
as exéquias do cineasta preferido,
e mais ainda, mais ainda, mais ainda...
os honorários, os horários, as contas,
as dívidas, os créditos, os bancos,
a respeitabilidade que me é devida:
sou um burguês honesto, benevolente e sério.

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