Wednesday, May 28, 2008

Fragmento CI

Se pudesse regressaria à infância do mundo, ao paraíso perdido. Voltaria a ser a tua escrava e tu o meu senhor. Dar-me-ias quase nada: pão, leite, mel e flores. Eu ficaria agradecida porque não há mais vida para além disso. Perdoa a loucura de procurar um sentido, uma salvação, uma via. Não há nada disso e tu sabes e vês aquilo que eu sinto e vejo.
Mas, nunca é a mesma água que corre pelas margens do rio, nunca é a mesma ponte que une as margens. Faço as exéquias aos meus mortos e sigo em frente. A minha casa é uma ausência, a minha vida uma passagem. Sob os meus passos, a estrada surge, negra e brilhante, tapeçaria de alcatrão,marginada pelo mar.

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