Monday, May 19, 2008

Fragmento XXXII

Fui, outrora, a rainha bem amada
de um oculto império desaparecido na noite.
Nas minhas mãos as serpentes faziam-se aves
e os animais selvagens aquietavam-se
como cordeiros de pêlo macio.
Usurparam o meu trono,
condenaram-me ao exílio.
Dentro dos meus cornos de princesa parida
em noite de tempestade,
sopra o vento frio do Norte,
gelada e estéril mantém-se a terra.
O sabor da erva ou a aragem fresca da Primavera
não chegam até mim.
Sê benévolo, estrangeiro. Não te exasperes.
Não sou, nunca fui senão uma árvore louca.

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