Sunday, October 21, 2007

Fragmento IV

Na encosta da montanha, alvejava,
destruída e abandonada,
uma casa de pedra e cal.
Dela se abeirava toda a sorte estranha de gentes.
Invisível eu pairava
no parapeito das janelas abertas,
no interior das portas escancaradas.
Via-as passar, parar e partir
seguindo o mesmo caminho.

Em silêncio, ela sofria,
- quem era ela eu não sei -
colhia gravetos e madeira na floresta,
calafetando fendas e feridas antigas.
Em vão.
Um vento mais agreste
e outra vez a nudez surgia.

Sentada na mesa do café,
aberta e ausente,
com um copo de água fria,
a forasteira sorvia a música
e o olhar distraído dos transeuntes.

4 comments:

Ricardo António Alves said...

Gostei imenso.

estrelicia esse said...

Generosidade, tolerância e boa vontade da sua parte. Agradeço muito.

Ricardo António Alves said...

Nenhuma generosidade, é mesmo merecido.

estrelicia esse said...

Ainda bem. Não aceito moedas falsas. Prefiro as verdades incómodas.