Monday, June 16, 2008

Colecta Literária* 10 (Proudhon)

Não criamos de modo nenhum uma Igreja, não formamos, falando com propriedade, um partido. Não trazemos ao mundo uma doutrina feita, à maneira dos reveladores, dos filósofos do absurdo e de alguns reformadores contemporâneos. Não somos os representantes de qualquer opinião, de qualquer interesse de corporação ou classe. O nosso princípio é velho como o mundo, vulgar como o povo: é a justiça, e nós tentamos fazer um comentário a seu respeito, que outros continuarão depois de nós e que jamais terá fim... (Justice, Position du probl. de la Justice.)
...A justiça, por melhor que a expliquem, permanece sempre um mistério, tal como a vida. (De la Pornocratie, notas e pensamentos.)
Se o misticismo é indestrutível, há um nome que o resume e que ninguém poderia apagar do pensamento dos homens: é o nome de Deus. Iria eu, estupidamente, fazer guerra a este conceito, de que não sou mestre? Que infantilidade! Antes de desonrar a nossa filosofia com esta ridícula negação..., como esqueceria eu que a revolução apresentou entre os seus dogmas, ao lado do progresso, a tolerância? (Justice, Sanction morale.)
Honremos em toda a fé religiosa, em toda a Igreja...honremos, mesmo no Deus que ela adora, a consciência humana. Conservemos a paz, a caridade, com as pessoas a quem esta fé é querida. É o nosso dever. (Justice, Posit. du Pr. de la Justice)
É notório que a humanidade crente vê coisas que a humanidade erudita não percebe; ela concebe, raciocina e julga de outro modo. Ela conclui de maneira diferente...Reside aí a grande cisão moderna.
Para tornar a sociedade possível, é preciso que uns - os incrédulos - façam um esforço de tolerância, enquanto que outros - os devotos - farão um esforço de caridade.
Devemos todos reconhecer, de boa fé, o que somos, e aceitar a nossa situação; respeitar-nos uns aos outros, e socorrer-nos mutuamente, como se fossemos simultaneamente, e a um mesmo grau, eruditos e crentes, devotos e justiceiros. (Jésus)
Proudhon, A Nova Sociedade, Ed. Rés.

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