Monday, January 21, 2008

Fragmento XXXIII

Na concha pousada no parapeito da janela a sombra nocturna esvai-se, lentamente, transfigurada em palidez solar. Ouço um pássaro estremunhado que canta numa das árvores despidas da rua. Quantas horas não dormidas sonhando o momento da partida. Choras a casa velha que abandonas, os sapatos cambados que adoravas, penosamente, deitados ao lixo. Nos fios do teu cabelo principia, hesitante, a madrugada. Algures um avião levanta finalmente voo. Continuo respirando, reaprendendo a viver.

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